segunda-feira, 29 de outubro de 2018

Quem quer trabalhar no Dubai?

Estas duas empresas estão a recrutar assistentes e comissários de bordo. Ambas exigem uma mudança para o Dubai. É uma questão de escolha do tamanho da aeronave 😉

A quem interessar.


terça-feira, 2 de outubro de 2018

Ode ao cabineiro





Serve o presente texto para glorificar o vulgo cabineiro, hospedeira ou comissário, assistente de bordo ou aquilo que lhe queiras chamar.

Upa, upa, vinde daí, Navigator!

Antes de mais, quero que percebam que adoro cabineiros.
Adoro todos, mas mesmo todos.

Os recém chegados, cheios de pica como aquelas com tranças complexas à Kardashian logo pela manhã, aqueles maçaricos mais lentos e envergonhados, que tomam nota de tudo e lêem todos os briefings ou ainda aqueles que tratam todos por você. Aquele novato cabineiro repleto de sonhos e fome do mundo, desejoso que o convidem a passear nas estadias. Aquela novata nervosa que se atrapalha a falar com pessoas e com medo que alguém lhe pergunte algo de aerodinâmica. Aquele puto pintarolas cheio de lata e atrevido, ou aquele cheio de perguntas e bloqueios. E aquele puto ambicioso que entra a manifestar interesse em ser chefe mas que ainda não pesca nada desta vida?

Adoro especialmente aquela cabinfluencer cheia de si, selfies e instastories. Adoro a novata que ainda sabe com quem voou, nomes e estadias, e secretamente não entende como os outros já nem sabem quem ela é. E aquele novato que já nasceu depois do Titanic? Pois é. Já andam por aí.

E a cabineira que chega 1h antes da apresentação e com uma maquilhagem digna de um pro, com um incrível dégradé de sombras com as cores que vêm definidas em regulamento (claro) e um perfeito e suculento baton.

Aquele brilho e alegria de quem entra. Há que adorar.

Adoro também aquele que ao fim de uns meses já generaliza como se cá andasse há anos e opina como um cabineiro senior.

Adoro a que se organiza, que sabe sempre tudo e é metódica, tem apontamentos com títulos de diversas cores, para além do azul do Holiday Inn de Londres. Aquele cabineiro RP que todos conhecem ou aquela cabineira que quer é ser piloto.

Adoro aquela maluca que não consegue largar as charters e que teima em não crescer. Como a entendo.

Props aos putos da proteína e que após a estucha da vida ainda vão ao ginásio. Adoro o que não falta ao pequeno almoço e faz sandes para depois e aquela que aproveita para dormir e fazer o que lhe dá na real gana. Adoro a fanática da DM, dos M&M's de manteiga de amendoim e da lingerie sexy da VS. Já não vive sem isto. Cada um sabe por que cá anda. Eu só cá ando pelo babybel que costuma embarcar com a minha refeição.

Não nos podemos esquecer também dos loverboys atentos às inúmeras gatas cósmicas, aqueles que roubam a PIL do chefe para tomar nota dos nomes das felinas. Um bem haja às Redes sociais. Amén.

Adoro todos aqueles convívios onde se refresca a alma com vinho após um voo, pois isso é que é bom CRM. E um cabineiro gosta de defender um bom CRM.

Ode ao cabineiro repleto de ímans do mundo, placas de matrículas ou de inúmeros "já agora", ou aquele com pins de aviões e remove before flight tags mas que mesmo assim diz que não gosta assim tanto disto. 

Adoro a assistente que contagia toda a tripulação com o seu bom humor e que torna tudo mais fácil.

Ode ao cabineiro cansado, aquele que lê o jornal no embarque, aquele que não quer mesmo que o chateiem. Aquele que coloca logo águas no gelo de início para que congelem os dentes se lhe pedirem água para remédio. É no fundo aquele cabineiro que já perdeu o seu fulgor, que vê mal em tudo mas que também não quer sair.

Gosto daquele que julga que a sua opinião é importante num refrescamento, que vem munido de uma voz forte e colocada, ou daquela que questiona e propõe diversas alterações em importantes áreas da companhia, a verdadeira gestora cabineira, ou aquela que ainda envia emails com sugestões e que não perde a esperança. 

Adoro o hospedeiro a quem a cocote subiu à cabeça e faz tudo à sua maneira. Adoro os atletas de maratonas de trolleys durante o serviço, na ânsia de ganharem uma cafeteira de ouro (só pode ser a explicação) ou aqueles cabineiros fatigados que se escondem nos lavabos.

Devia existir um hino a ti, cabineiro já velho e desbocado, que já nada teme, ou aquela que já deixou de socialibilizar há anos pois já não está para isso. 

E a recém mamã que só pensa no bebé em casa e que sente o coração na boca nas descolagens? Não é fácil.

Adoro o cabineiro que secretamente tem medo de voar e a cabineira que ainda sonha em fazer parte do mile high club.

Aquela que instiga a novata a mudar rapidamente de vida para que não cometa os seus erros, erros esses causados somente e exclusivamente devido às ausências da aviação. Adoro aquele que já se esqueceu até dos rostos de com quem voou. 

Um especial elogio a ti, à verdadeira assistente de bordo, aquela que não perde o sorriso depois de décadas de céus e que continua bonita e jovem. Especial louvor àqueles que já apanharam sustos da vida e que ainda cá andam.

Adoro o cabineiro que vive ainda na era do glamour e se recusa a adaptar.

Fazem todos parte da miscelânea diária que temos a bordo. Somos uma espécie que nem todos entendem e que adoram julgar do exterior. Pouco nos importa, na verdade. Somos unidos pela hipóxia.

Todos fomos, somos e seremos mais do que um personagem deste texto. Isso é certo. Somos uma espécie em evolução.