terça-feira, 30 de janeiro de 2018

Curiosidades da aviação


#1
 
Um conjunto variável de máscaras de O2 por cada fila de passageiros, estão acopladas a um gerador que fornece oxigénio quimicamente, assim que uma máscara é puxada. Elas caem automaticamente assim que a pressão da cabine se encontre a 14.000 pés de altitude. Deve-se puxar com força uma, para partir o pin no gerador. Basta uma ser puxada para que as restantes pertencentes a esse gerador também se ativem. Fazem parte do PSU - Passenger Service Unit. Se ativadas, não poderão ser colocadas logo dentro do suporte, devido a risco de incêndio.

 
 
#2
 
Patilha que indica o número de máscaras de oxigénio numa fila. Normalmente tem uma extra para um bebé de colo por exemplo. Em inglês denomina-se Door stopper pois se ficar para fora, a 'tampa' que segura as máscaras não abre em caso de emergência - funcionalidade para a manutenção. Em alguns aviões o número de máscaras oscila da fila da frente para a de trás.

 
 
#3
 
A KLM é a primeira companhia aérea do mundo - 1919.

 
 
#4
 
O comandante come uma comida diferente da do copiloto, por questões de segurança.

 
 
#5
 
Mínimos: 1 tripulante de cabine por cada 50 lugares de passageiros.

 
 
#6
 
''Atenção tripulação, portas em Armed e Cross Check'' ou ''Cabin Crew, Slides disarmed and cross check'', os call outs a que nos acostumámos a ouvir ao fechar e antes de abrir portas. Significam que as portas passam a saídas de emergência ou que deixam de ser, se for à chegada. No fundo, a manga encontra-se presa à porta e caso esta seja aberta, a manga irá insuflar, em caso de já estar armada. Ao ser desarmada, a porta pode ser aberta com normalidade.

 
 
#7
 
Mayday significa ajuda e vem do francês m'aidez

 
 
#8
 
Num Airbus as luzes das asas piscam duas vezes, num Boeing piscam uma só.

 
 
#9
 
Existe todos os meses um Santo António escondido na revista Up da TAP (revista de bordo), para que os colaboradores o encontrem.

 

 
#10
 
Só devemos insuflar o colete em caso de amaragem após sairmos do avião. Se a água entrar rapidamente no avião, não se consegue sair com o colete insuflado, fica-se a boiar, preso possivelmente ao teto da cabine.

 
 

 
 

quinta-feira, 25 de janeiro de 2018

O curso da TAP


Ultrapassar todas as fases de recrutamento da TAP: CHECK
Email para iniciar o curso inicial: CHECK
Despedir-me: CHECK
Início de uma nova, longa e dura etapa: CHECK
Rezar para que acabe rápido: CHECK
Constatar que nada é garantido até ao final do voo de exame: CHECK

Ninguém te prepara para esta etapa. Ninguém te diz o quão difícil e trabalhoso irá ser o curso. Não me recordo de ouvir isto por aí. Provavelmente até o ouvi ao longo dos anos e ignorei por não ter passado pela experiência. Subvalorizamos e rapidamente esquecemos quando não é connosco. Até que passa a ser.

Ir para a TAP parece algo quase inalcançável para quem já anda nisto há uns anos. É ao mesmo tempo algo assustador em que nos questionamos se no fundo é aquilo que queremos, pois já experimentámos o melhor da aviação (achamos nós, do alto da nossa arrogância e possuídos de um forte esquecimento dos momentos maus). Aviação pura comercial consegue assustar. Talvez me alongue mais sobre este assunto um dia. 

No meu caso, foi tudo inesperado e rápido. Fui sem ter a certeza se seria aquilo que queria mas a saber que seria o mais acertado. E lá fui.

No primeiro dia assinei um contrato de formação em que refere que se saísse do curso, teria que pagar 2500€ à TAP. Tratei do ID e da farda. Verde ou vermelha, dúvida que exemplificava também o meu estado de espírito.

Apresentações. E mais apresentações. Nossas, dos formadores, dos colegas. Ter uma turma, conhecer cada um, nomear um delegado, ter uma placa na mesa com o nome, estar de novo a estudar, a apagar o que já estava e a reaprender. A apagar mesmo o passado. Foram assim os dois meses de curso.

A minha turma tinha pessoas experientes (já Cabineiros), experientes de outras áreas e os inexperientes saídos da faculdade. Para os últimos dois era tudo mais fácil embora os mesmos não achassem. Não tinham que fazer nenhum reset, só aprender algo novo.

A coisa que mais me surpreendeu foi a paixão que senti logo nos primeiros dias de todos os formadores dos diversos departamentos da TAP. Falam a sorrir, como se lá fossem felizes e fazem questão de nos passar essa paixão e de nos fazer sentir já parte da família - ''Já cá estão, esse número TAP será sempre vosso, aconteça o que acontecer'' - Dizem-nos que se quisermos ficaremos até à reforma. A paixão e segurança num emprego não são algo a que tenha sido acostumada (toda a minha geração). O mais incrível é que apesar de ser bom, a sensação consegue também ser assustadora.

Testes no computador que não são difíceis, aulas, muitas aulas, refeições oferecidas no megalómano refeitório, medos e receios com o passar das semanas e o aproximar do temido exame de salvamento.

As aulas práticas de mock up são para muitos as mais assustadoras pois são as que nos preparam para esse exame final. Muitos aproveitam para praticar e muitos tentam por tudo esconder-se entre os bancos. Há berros e comandos assertivos, stress e às vezes lágrimas. Treinamos fogos, despressurizações, amaragens, aterragens, emergências médicas e com matérias perigosas. Treinamos com os bombeiros, forças especiais da GNR, nadamos e usamos mangas barco, coletes e um sem número de material de emergência. A TAP tem as instalações e o material para que esta aprendizagem seja o mais real possível - o que a torna também a mais assustadora possível. Aqui se treinam líderes, pessoas capazes de lidar com muito stress. Não duvidem disto - capazes de lidar com muito stress. Muitos chumbam ao longo do curso porque nem sempre é visível esta capacidade - confiança é a qualidade mais importante neste curso e nesta profissão.

No final treinam-se os discursos e as demonstrações de segurança, bem como o serviço a bordo.


Reuni algumas dicas:

- Aos experientes, sejam humildes e respeitem quem está a aprender. Não demonstrem a vossa automática experiência só porque já sabem o que é uma MRT. Ser experiente para a TAP é uma desvantagem. Excesso de confiança, comparações ao passado são evitáveis.

- Aos inexperientes, exige-se maturidade. Poderá parecer a continuação da faculdade, mas aqui discute-se o vosso futuro profissional. Os instrutores não são stôres, nem são mestres da oratória nem da paciência. São pessoas experientes na área que querem o sucesso de todos. O nosso sucesso é mesmo o sucesso deles. Conversas entre colegas em aulas é inadmissível. Não estão mesmo na escola e como ainda não sentiram o poder da hierarquia em aviação, não sabem o quão importante é. Aviação está repleta de regras e por mais estranho que te possa soar, já está tudo escrito e não irás mudar nada. O truque é ouvir e respeitar.

- Respeitem as diferenças dos colegas e ajudem-se. Pratiquem uns com os outros. Não vale a pena querer ser o melhor. O pior da turma ficará sempre à frente do melhor aluno da turma seguinte.

- Pratiquem no mock up sempre que conseguirem.

- Façam boas preparações de voo para os voos de familiarização e de exame.

No dia do exame de salvamento, vão perto da vossa hora e procurem estar calmos. Se estudarem muito e se praticarem quase até à exaustão (até o capacete da moto pode ser uma PBE), irão sentir-se confiantes. Confiem em vocês mesmos.

Boa sorte! 

Bons voos agora!



TAP Air Portugal

quinta-feira, 18 de janeiro de 2018

Ideias para penteados - Senhores


Não há muito a dizer em relação a este tema. Talvez seja mais fácil dizer o que não é permitido em aviação.

Não é permitido o uso de gel ou algo que crie efeito molhado.
Não deverá ter madeixas ou cores fortes.
Não pode ter cristas, nem ser comprido, nem com cortes ''estranhos'', por mais trendy que possam ser. Deverá estar curto e uniforme.
Calvície? Não faz mal, desde que esteja curto.

Barba quer-se sempre feita para entrevistas e para voar em algumas companhias (Hifly por exemplo). Na TAP é permitida desde que não seja demasiado curta ou comprida - esqueçam a barba de três dias.

Bons exemplos:

 
Dont's:
 
 
 
 

domingo, 14 de janeiro de 2018

Ideias para penteados - Senhoras


Apanhados

 
 
 

Rabos de cavalo
 
A maioria das companhias aéreas permite o uso de rabo de cavalo desde que bem apanhado, sem cabelos soltos e pela linha das axilas no máximo (caso da TAP, por exemplo). No máximo deverá ser até à linha do soutien. Não deverá ser preso muito alto.
 

 
 
Apanhados com tranças
 
Atenção ao limite da trança. Aplica-se o mesmo limite do rabo de cavalo.
 

 
 
 Atenção à cor. Não são permitidas madeixas ou cores fortes. Deve ser o mais natural possível.

Se solto, não deverá ultrapassar os ombros. Deverá estar bem cuidado e não a tapar os olhos / rosto.
 
 

terça-feira, 2 de janeiro de 2018

A HiFly.


A Hifly foi a companhia onde mais gostei de trabalhar. Foi com muita paixão que vesti aquela farda e é com muita saudade que escrevo este texto. Foram anos felizes, onde pude trabalhar com colegas de todo o mundo e com a qual conheci todos os continentes. Desde voos militares a voos humanitários, de cabines para voos hajj que se transformam em voos VIP, de voos comerciais a voos charter e até a cobiçada Volta ao Mundo. Fiz tudo isto. Cresci com tudo isto. Chorei também por isto, odiei por vezes isto e chorei por ter terminado, por saber que estes serão sempre aqueles momentos que irei recordar repletos de histórias loucas que contarei vezes sem conta. Boas e más, más que até se tornaram boas. As histórias que refletem que neste meu passado, eu fui feliz, que fiz coisas diferentes, impensáveis.  



O melhor do meu futuro não está já no meu passado, não acredito que o melhor já tenha sido isto. Assusta-me essa sensação. Sei que isto inevitavelmente foi das melhores experiências que tive e que foi a melhor decisão que tomei numa idade em que nos devemos soltar ao mundo, ver, cheirar, provar ao invés de ler.

A Hifly não é uma empresa de sonho. Se estás a ler isto, o mais provável é que conheças alguém que trabalhe ou que tenha trabalhado na Hifly e que te tenha partilhado algumas histórias menos boas. Este texto pretende não dar ênfase a essas histórias. Lembra-te sempre que existe sempre a versão que te contam e a real. Lembra-te também que na vida os momentos bons não são comuns. Era bom que fosse ao contrário. A felicidade vem de pequenas coisas e momentos para serem bem apreciados e valorizados. Aqui e como em todo o lado, existem aspetos menos bons. 

A Hifly contrata através de brokers, com contratos por vezes de curta duração, sem regalias e ofertas. Resumidamente, não oferece o que muitas companhias de bandeira oferecem, estabilidade, conforto e segurança. Não oferece, porque sabe que mesmo que oferecesse, quase ninguém faria carreira neste tipo de aviação. Interessa-lhe ter pessoas novas, desapegadas, com fome do mundo e com disponibilidade. Paga um valor justo para isso, a almas jovens aventureiras. Não lhes promete luxos nem quer (e nem sempre pode). São 21 dias ON e 7 OFF, regra que também oscila consoante a época e a disponibilidade de cada um. Ao longo dos anos tiveram bases onde os tripulantes ficavam baseados entre 4 a 6 meses na Austrália, Bruxelas, Cabo Verde, Dubai e Londres.

É uma empresa exigente. Exigente com os seus assistentes e comissários de bordo pois sabe que tem que o ser. Lidar com juventude nem sempre é fácil e muitas vezes se esquece que estamos a trabalhar. Um Cabineiro quer sempre aproveitar ao máximo.
É exigente e num ápice rouba a nossa vida pessoal. Rouba-nos tempo cá, rouba-nos as nossas pessoas para nos oferecer outras. Fazemos amizades novas e passamos a falar aviação.
Queremos colocar pins no mapa mundo, conhecer lugares improváveis. Compensamos com souvenirs e videochamadas.

No lado ar da empresa o ambiente é mais descontraído e unido. Repleta de pilotos estrangeiros, alguns portugueses, uns da máfia grega (brincadeira), belgas, espanhóis, franceses... passando pelos Discoordinators (!!), pelos trabalhadores e impecáveis técnicos do martelo (TMA) e terminando nos loucos Cabineiros. No lado terra (escritório, aliás) o ambiente é mais hostil e exigente, com o muito humano e julgado Cabin Manager e todo o staff de diversos departamentos que tem que lidar com todos os desafios diários inerentes a esta loucura de aviação. Não deve ser fácil.

Se há algo que aprendi nos anos que estive na Hifly é que não devemos esperar muito, a empresa não irá mudar. Não vale a pena sonhar com o que poderia ser, com o que podia melhorar. Não percam tempo com isso. Todos somos gestores sonhadores sem canudo, mas nenhum criou uma companhia aérea. De uma forma crua, é algo que deverá ser visto profissionalmente como temporário (para uns poderão ser meses mas para outros poderão ser anos). Por mais regalias e seguros que dessem, efetividade, ótimo ordenado com prémios, o ser humano não foi feito para tanta instabilidade. Poderá parecer que não, mas um dia quererás assentar, quererás mais certezas. Queres ir, voltar e ficar, como eu quis. Como centenas ao longo dos anos quiseram. Se não te encontras nesta fase, não hesites, arrisca a HiFly. No final de tudo, compensa. Muito.

Desejo a maior felicidade à Hifly. Desejo ver-vos bem. Sei que vos vou seguir a vida toda, nas redes sociais, nas notícias, com o olhar ao ter a sorte de ver um avião da frota. Desejar que venham A380s e mais voos acrobáticos com o eterno nigeriano CS-TFX aos braços de um destemido e orgulhoso comandante a assustar lisboetas, a muitas Volvo Ocean Races e Voltas ao Mundo. A muitos e bons voos, a muita irreverência e diferença. Devem existir poucas companhias assim.

Obrigada. Obrigada a quem se lembrou desta loucura de negocio e a quem me deu a oportunidade de todos os dias ser melhor por ter tido esta experiência.

Boa sorte aos que desejam ingressar neste mundo. Cá estarei para vos esclarecer algumas dúvidas, caso seja o caso.



Six West - VIP Cabin Crew